domingo, 28 de agosto de 2011

Canto Primeiro


A chamada "eterna busca pela identidade" é vista de uma maneira mais individual quanto a própria identidade que julgamos ter. É fato que hoje em dia temos individualidades parecidas, não importando o quão únicos quisermos ser. Mas o que está na guilhotina hoje é o que penso sobre a "busca da identidade", então...


Acredito que somos a exata equação do que foram nossos pais (sejam eles mãe e pai, tios, avós, padrinhos) e cada pedra que passou em nosso caminho, sem mais. A referência (ou reverência) ao passado, a tudo que nos foi ensinado, a todos exemplos que subliminarmente na cara seguimos de nossos antepassados, compreende ao primeiro termo da equação, enquanto a convivência com O Outro (pessoas, grupos, objetos, doutrinas, produtos culturais, etc) são de acordo com sua individual importância o tamanho das tais pedras.

Separar um de outro parece mas não é em vão. Ambos os termos são essencialmente influenciadores de um mesmo produto, mas é necessário destacar, devido a importância, a primeira parte das particularidades da segunda. É inegável que temos uma fase na vida de observação, imitação e experimentação com pouca experiência e quase nenhum conceito próprio, é onde cronologicamente colocamos o primeiro termo da equação.

O primeiro termo é o passado presente e o que primeiramente somos, sem escolha, aquilo que aleatoriamente (ou por escolha divina) somos sujeitados: nossa criação.

Bem desde o início falamos a língua de nossos pais, comemos o que nos é dado como comida, amamos quem nossos pais amam, seguimos suas verdades e religião. Até quando surge a primeira necessidade de crítica, nossos primeiros gostos são até sujeitados a eles: gostar daquilo para agrada-los ou não gostar por pirraça, retaliação.

A fase dos heróis e dos vilões: o exemplo que queremos primeiramente seguir e aquilo que não queremos "quando crescer" ser é importantíssima para o que somos hoje. Até mesmo na ausência, os pais são decisivos para a formação dos pilares da identidade que são formados nessa fase. Toda a ideia, conceituação e intensidade de o que seria cada qual sentimento é construída nesse momento.

Podemos, com extremo cuidado, resumir essa etapa em uma palavra: exemplo.

A transição desse termo para o próximo é feita de forma natural, na oposição ou na aceitação das partes do conceito inicial. Isso acontece na presença (melhor, no choque) de uma opinião contrária a primeira exposição que você sofreu e o verbo é escolher.

(continua)

Desafio o leitor a tomar-se como exemplo no que foi dito. Comentar, acrescentar, criticar também faz parte de qualquer boa amizade.

Victor

sábado, 27 de agosto de 2011

3x4

Se tem uma coisa que eu aprendi é que quase nunca a primeira impressão é a que fica.
Mas como toda amizade precisa de uma apresentação...

Cheguei aqui por perceber que escrever sem motivo já não era tão excitante assim, larguei por enquanto meus sete livros começados, poesias endereçadas mas que nunca serão mandadas e criei, quase bigbangmente, meu primeiro blog.
Bigbangmente porque sempre senti uma estranheza de nos blogs você escrever algo para alguém sem ter certeza alguém lerá, foi numa explosão essa criação, realmente.
Criei principalmente por julgar extremamente necessário praticar a escrita se quero ser um jornalista, além de ter um lugar para desabafar (mesmo sendo muito ruim fazendo esse último).
A maioria dos textos aqui feitos, são fecundados no ponto de ônibus, entre um desapontamento ou outro, na clareza de um bar ou tomando café. Me reservo a escrever só sobre o que eu acho interessante, mas calme, que isso abrange quase tudo. De filosofia a Programa do Ratinho, de futebol a poesia, de videogames a mitologia grega e claro, música. Coisas que em mim se encaixam e viram uma.
Por fim, esse texto que era para ser um retrato de mim, acredito que será o que o amigo leitor menos poderá me caracterizar. Captar um momento de si é inútil quando se quer mostrar um todo construído por vários momentos distintos. Em cada texto, memória ou publicação sei que serei, sem intenção, mais auto-descritivo.
Victor

“Escutai-me, leitor, a minha história,
E'fantasia sim, porém amei-a.
Sonhei-a em sua palidez marmórea
Como a ninfa que volve-se na areia
Co'os lindos seios nus... Não sonho glória;
Escrevi porque a alma tinha cheia
— Numa insônia que o spleen entristecia —
De vibrações convulsas de ironia!

Álvares de Azevedo